Este é o título de um dos capítulos
de um livro intitulado Remissão Radical
de Kelly A. Turner, especialista e investigadora em oncologia integrativa.
Neste livro ela descreve a sua pesquisa feita em vários países onde descobriu
centenas de doentes que sofreram aquilo a que se chama de Remissão Espontânea.
Revejo-me em muitos dos casos
descritos neste livro, especialmente em termos de sentimentos vivenciados por estes doentes e maneiras de encarar a doença. Se
pensarmos bem, a maioria dos cancros acontecem em alturas particulares da vida,
após situações de stress, de cansaço extremo, alturas em que o sistema imunitário
está particularmente debilitado, etc. A este diagnóstico seguem-se mudanças!
Não é clichê, quando se diz que
um diagnóstico de cancro muda a nossa vida, de facto muda, e em certos aspetos
muda para melhor, faz-nos pensar e relativizar o que nos rodeia. Estive cerca de 40 dias internada no hospital, foi um
internamento difícil, muito penoso. Estava grávida e cheia de planos
na minha cabeça quando lá entrei, e saí de lá sem o filho que tanto desejava, com um cancro para
combater, com uma família completamente devastada, e eu completamente perdida. Aos poucos as coisas foram-se compondo e comecei a
sentir os pés firmes na terra e apercebi-me de uma coisa: faço falta a muita
gente!
Para mim morrer não me assusta,
aliás esse seria o caminho mais fácil, deixar-me simplesmente
levar, esperar pelo efeito da medicação sentadinha no meu sofá. Mas ver as
pessoas que sofrem por mim á minha volta deixa-me arrasada. Não gosto
de ver a minha mãe chorar com medo de me perder, corta-me o coração quando vejo o meu pai num sofrimento atroz por minha causa. E depois, tenho
o meu companheiro/namorado/marido/amigo (e muitos mais) que me diz que nós temos
que morrer os dois velhinhos daqui a muitos anos e que ainda precisa muito de
mim. Perante isto eu penso: não, não posso mesmo morrer já, pelo menos sem antes
tentar o que tiver ao meu alcance.
Foram dezenas de telefonemas,
mensagens e visitas no hospital, foi uma manifestação de carinho que não
imaginava. Tudo isso mexe muito connosco inevitavelmente! A minha família, o
meu marido, os meus amigos são tudo pra mim, é por eles que tenho que lutar!...
Ter razoes fortes que nos agarrem
à vida é essencial em todo este processo. Tudo acontece por uma razão, é
preciso tirar partido mesmo das situações mais negativas que nos possam
acontecer.
Hoje soube do falecimento do pai
de uma amiga: cancro do pulmão. Não consigo imaginar o sofrimento desta família
e não há como não sentir uma pontada cá dentro quando ouço que mais um doente morreu
devido aquilo a que chamam a “doença do século”, o “flagelo da humanidade”.
Alguma coisa está a falhar àqueles que tanto investigam uma cura pro cancro.
Será mesmo que temos que esperar sentados que sejam eles a darem essa tão
esperada cura? Não estará a cura em cada um de nós?
Enfim, mais um pequeno desabafo…